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“De onde vêm os bebés?”

Como falar sobre concepção, gravidez e nascimento com as crianças

Mais cedo ou mais tarde, surge a pergunta tão temida e muitas dúvidas nos assaltam. O que dizer? Que termos utilizar? Qual é a idade certa para lhes contar?

Por mais que entremos em pânico, não há como fugir à questão. Mais vale respirar fundo e fazer justiça à confiança que o nosso filho depositou em nós, sendo verdadeiros. Sem evasivas ou fabulações. Se a criança sentir que somos verdadeiros com ela, vai continuar a confiar em nós para expressar as suas dúvidas e curiosidades. Caso contrário, irá procurar respostas noutros sítios, que poderão não ser as mais adequadas.

​Antes de mais, é importante perceber exactamente aquilo que a criança quer saber. Quantas vezes, com a melhor das intenções, começamos a contar a história da reprodução com todos os detalhes, quando a criança ficaria satisfeita com uma explicação mais simples?

Uma boa solução é começar por devolver a pergunta, questionando-a sobre o que ela já sabe sobre o assunto. Deste modo, não só percebemos que conhecimentos ela tem e as dúvidas concretas que quer ver respondidas, como também o nível de compreensão em que se encontra.

 

Ajuda dar respostas curtas, simples e, sobretudo escutar, dando-lhe espaço para colocar as suas questões ao invés de nos anteciparmos a elas.

Utilizar os termos correctos para as partes do corpo é também outra questão importante, que evita mal entendidos na informação que é transmitida. Se lhes ensinamos desde pequenas a dizer pé, nariz ou coração porque não o fazemos com os genitais? Saber nomear todas as partes do corpo, sem discriminar zonas, reforça desde cedo na criança a ideia de que o seu corpo é perfeito e natural e não algo confuso ou embaraçoso.

Manter uma atitude aberta e disponível, facilita o diálogo e fortalece a confiança, por isso é fundamental sermos honestos sempre e responder de forma simples e com naturalidade. As crianças irão tomar melhores decisões relativas ao corpo e à sexualidade quando têm toda a informação que necessitam e quando não existem assuntos tabu sobre os quais não se pode conversar em casa.

Se formos apanhados de surpresa e ficarmos atrapalhados com o que dizer, nada como sermos sinceros e dizer-lhe algo como “Essa é uma pergunta importante, tenho de pensar um pouco sobre isso. Podemos falar melhor logo à noite”, valorizando a sua questão e dando-nos tempo para prepararmos o que vamos dizer. Entretanto, podemos recorrer a livros. Existem bons livros infantis sobre o tema, com linguagem acessível, que nos podem ajudar (sugestões aqui) ou até mesmo juntar fotografias que tenhamos da sua gravidez e de quando era bebé e explicar com apoio às imagens. As bonecas grávidas também poderão ser um recurso interessante que a criança pode manipular, com a vantagem de que, por serem um brinquedo, irem mais facilmente ao encontro do imaginário da criança.

É fundamental que a criança se sinta confortável para colocar questões sobre o seu corpo desde cedo, pois é aí que se inicia uma verdadeira educação sexual. A criança expressa a sua curiosidade acerca do corpo desde muito pequena. Não faz sentido esperar para ter “aquela conversa” quando chegarem a adolescentes. É claro que não temos de ter uma grande conversa com eles sempre de cada vez que nos façam uma pergunta sobre sexo. Eles podem apenas querer a resposta para aquela pergunta e nada mais.
A aprendizagem efectiva está na confiança que vai sendo construída e nos sentimentos e emoções que são transmitidos relativamente ao corpo, à sexualidade e à forma como me relaciono comigo próprio e com o outro. Porque mais do que abordar os aspectos biológicos da reprodução humana e do funcionamento do nosso corpo, é fundamental olhar a sua dimensão psicológica e emocional, pelos afectos, como me sinto e como me expresso com o mundo. Grande parte do desenvolvimento da criança é feito por imitação e os primeiros modelos da criança são os pais e educadores. A sua auto-imagem e capacidade de comunicação vai depender, em grande parte, da qualidade das relações que está inserida. Se as relações que se promovem forem afectuosas e abertas, a criança terá modelos de identificação positiva para um desenvolvimento saudável e feliz.

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